Nossa Senhora e os sofrimentos

A presença de Nossa Senhora ilumina o entendimento da nossa dor, do sofrimento na Igreja e na humanidade.

A presença de Nossa Senhora ilumina o entendimento da nossa dor, do sofrimento da Igreja e da humanidade.

Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

A vida de Nossa Senhora nos ajuda a compreender as nossa dores, e a dar um sentido a elas, ao sofrimento da Igreja e da humanidade. Pois, se Jesus Cristo é chamado é o “Homem das dores”1, sua Mãe é a Mulher das Dores. A Virgem Maria passou por vários sofrimentos durante sua vida, os principais lembrados na oração da Igreja, especialmente na contemplação das suas “sete dores”. Todos estes sofrimentos de Nossa Senhora estão presentes na Palavra de Deus ou nos foram transmitidos pela Sagrada Tradição: a profecia do velho Simeão de que uma espada de dor transpassaria seu coração de Mãe2; a fuga da Virgem de Nazaré com o Menino Jesus, sob a guarda de José, para o Egito3; a perda de Jesus aos doze anos, depois da sua apresentação no Templo de Jerusalém4; o encontro da Virgem Santíssima com Cristo no caminho do Calvário5; a presença da Virgem das Dores na crucifixão do Filho6; a presença dolorosa da Mãe de Deus na morte do seu Filho Jesus7; sua dor de Mãe ao ver o sepultamento do seu amado Filho8. Em todos estes sofrimentos, a Mãe do Senhor estava com alguém: Jesus, José, João, as santas mulheres. Porém, em um acontecimento a Virgem Maria estava sozinha, era a única chama acesa em meio à noite escura da fé. Jesus Cristo estava morto e sepultado e, em meio a tantos sofrimentos, a sua Mãe Santíssima era a única que acreditava na ressurreição do Filho de Deus.

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A primeira grande noite escura da fé na história da Igreja visitou Nossa Senhora, os apóstolos e os discípulos depois da crucifixão e morte de Jesus, com a diferença de que estes últimos não criam na Ressurreição. No Domingo depois da Paixão, dois discípulos caminhavam tristes de volta para Emaús, lamentando a morte de seu Mestre9. No mesmo dia, primeiro Maria Madalena, depois Pedro e João viram o túmulo de Cristo vazio, mas ainda não tinham compreendido que seu Mestre havia ressuscitado10. O próprio Senhor precisou aparecer aos onze apóstolos e lhes dar a luz do Espírito para que compreendessem que Ele havia ressuscitado11. Mas, onde estava a Mãe de Jesus durante estes acontecimentos? Segundo a Tradição da Igreja, Nossa Senhora foi a única que passou por todos estes sofrimentos, por esta noite escura, com a chama da fé acesa. Até mesmo os apóstolos e os discípulos mais próximos de Jesus deixaram apagar-se a chama da sua fé. Maria manteve viva a chama da fé, estava em ardente oração e aguardava confiante o comprimento da promessa da ressurreição gloriosa de seu Filho Jesus, tantas vezes anunciada aos apóstolos e discípulos.

Depois desta noite escura, muitas outras aconteceram na história da Igreja e da humanidade. A Santa Igreja foi visitada por inúmeros sofrimentos, perseguições, traições, tribulações, em seus vinte séculos de existência. A humanidade tem padecido com guerras, genocídios, perseguições étnicas e religiosas. Mas, nas noites escuras da Igreja e da humanidade, a Virgem Maria está presente, com a chama da fé acesa, e quer nos alertar para o perigo da perdição de muitas almas. Em 1917, nas aparições de Fátima, Nossa Senhora alertou para o perigo das guerras e do Comunismo. Em Kibeho, na África, a Virgem Maria alertou para o perigo daquele que foi um verdadeiro massacre, classificado como “o maior genocídio africano dos tempos modernos”12, no qual morreram por volta de 800.000 pessoas. A Mãe de Deus não está alheia aos nossos sofrimentos e está a todo o momento tentando evitá-los, principalmente as grandes calamidades que assolam a humanidade. Mas, a Santíssima Virgem preocupa-se ainda mais com a perdição das almas.

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O apelo de Nossa Senhora de Fátima, que se repetiu em Kibeho de 1981 a 1989 e em muitas outras aparições, dirige-se também a toda a humanidade: “Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores”, recomendou a Santíssima Virgem. A Mãe de Deus nos alertou que “muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”13. Nestas aparições, a Virgem Maria nos ensina a fazer o que ela fez naquela noite escura da fé. Ela nos ensina a manter a chama da nossa fé acesa, pela nossa união com ela através da oração, do sacrifício, do jejum, da penitência, oferecidos pela salvação dos pecadores. A Virgem Maria também nos ensina que os sofrimentos, as tribulações, as perseguições, unidos à Paixão de Cristo, contribuem para a salvação das almas.

Assim, na noite escura da fé, pela qual a Igreja, a humanidade e talvez até nós mesmos estajamos passando, temos na Santíssima Virgem Maria aquela que não deixará a chama da fé se apagar. Nos unamos a Nossa Senhora, pois grande e inabalável é a sua fé, para oferecer a ela os nossos sofrimentos, as nossas orações, os nossos sacrifícios, pelos que sofrem: pelos pobres pecadores e pelos agonizantes; por tantos cristãos perseguidos, principalmente pelo Islamismo e pelo Comunismo; pelas crianças não nascidas, vítimas do terrível genocídio que se chama aborto; pelas vítimas da ideologia de gênero, que destrói as famílias e consequentemente está destruindo a sociedade. Se no princípio do cristianismo a Igreja quase acabou, restando somente a chama da fé de Maria, grande é a responsabilidade que nos é dada por Deus em nosso tempo, pois talvez sejamos os únicos em nossa casa, no nosso trabalho, em nossa comunidade, a manter acesa a chama da fé. Neste tempo de grandes incertezas, sofrimentos e tribulações, que a Mãe da Igreja nos ajude a permanecer firmes na fé. Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

Natalino Ueda, escravo inútil da Virgem Maria.

Referências:

1Is 53, 3.

2Cf. Lc 2, 34-35.

3Cf. Mt 2, 13-14.

4Cf. Lc 2, 43b-45.

5Cf. Lc 23, 26-27.

6Cf. Jo 19, 15-27.

7Cf. Mc 15, 34-42.

8Cf. Jo 19, 40-42a.

9Cf. Lc 24, 13-24.

10Cf. Jo 20, 1-9.

11Cf. Lc 24, 36-49; Jo, 20, 19-23.

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